terça-feira, 26 de novembro de 2013

Complexidade nas alergias

Cada alergia se expressa e se desenvolve de um jeito diferente. 

Como reação a uma mesma substância alergênica, algumas peles alérgicas formam bolhas grandes, outras formam bolhas pequenas, outras formam lesões secas, outras não formam lesão nenhuma, mas coçam mesmo assim. Por vezes temos a alergia de um aspecto, mas na semana seguinte ela já tem outra cara. Algumas pessoas se sensibilizam com quantidades minúsculas de um produto, enquanto outras toleram uma quantidade maior.

Algumas alergias são potencializadas pela alimentação, pela nossa situação emocional, pelo clima, pela genética, pela interação com outras substâncias... e a lista de fatores que pode contribuir ou amenizar uma alergia é enorme. 

Estou escrevendo isso pois em alguns comentários os leitores tentam entender a alergia como uma reação direta e objetiva a um único elemento. Exemplo: "já troquei o desodorante na semana passada e não melhorou!".  O tempo de melhora varia também de pessoa para pessoa.

Concordo que pode ser uma única coisa (como o desodorante), que está causando a alergia. Porém, em meio a tantas incertezas e desconhecimentos dos pacientes e também dos médicos, acho interessante "atacar por todos os lados".

Vejam alguns fatores que poderiam interagir e contribuir para atenuar ou agravar um quadro alérgico*:

- medicamentos que você toma ou tomou;
- tecidos de roupas, toalhas, lençóis, travesseiros (as suas e as de outros com que tem contato);
- materiais de equipamentos e mobiliários que você toca (metais, couros, toalhas sujas de mesas de restaurantes...);
- alimentos e bebidas (e a interação entre eles);
- perfumes;
- produtos de limpeza da sua casa, do seu trabalho, do seu meio de transporte;
- clima ou mudanças no clima;
- áreas com ar condicionado ou muito quentes/muito frias e as transições diárias de temperatura;
- sua situação emocional (ansiedades, medos, frustrações e tudo mais que é difícil de mensurar);
- cosméticos que você usa ou que as pessoas com quem tem contato usam (e aí a lista é infinita... sabonetes, pasta de dentes, shampoos, maquiagens....);
- poeira e mofo;
- hidratação da pele;
- exposição ao sol;
- permanência em piscinas e praia (e todos os produtos químicos e micro-organismos que lá frequentam)....

Agora imagine todos esses elementos sendo percebidos pela nossa pele e se relacionando de forma complexa no nosso organismo. Não é óbvio.

. Acho que essa imagem representa bem o conceito de complexidade e interação, apesar de ser uma figura voltada ao desenvolvimento de softwares  (Imagem Google).

Na época da minha grande crise, a alergista recomendou fazer uma limpeza geral na minha casa e no trabalho, cortou vários alimentos, pediu para mudar os tecidos das roupas que eu uso, além de fazer os testes de contato. Eu repito pois o tratamento dela foi um sucesso, apesar da disciplina necessária para todas as mudanças.

A ideia dessa postagem não é gerar paranoia, mas sugerir uma visão mais ampla da nossa alergia, especialmente quando o corte a um determinado produto "suspeito" não está resolvendo.

Uma ótima semana a todos!

*Observação: Assim como todas as outras informações no blog, esta lista é baseada na minha experiência pessoal como paciente e não tem como objetivo repassar recomendações médicas.